segunda-feira, dezembro 15

Será que você se comunica bem?

A comunicação é algo mais amplo que o ato de falar em si, confesso que ao longo dos anos fiz muitos cursos e auto análise para me aperfeiçoar na arte de me comunicar. E uma das "sacadas" que percebi ao longo da vida foi que posso falar qualquer coisa para quem eu quiser, desde que eu saiba o COMO falar.

O COMO falar com o outro faz toda a diferença. Nós seres humanos temos 5 (cinco) sentidos: Visão, Audição, Tato, Paladar e Olfato. E devemos tomar posse disso para nos comunicar, pois acredito que não por acaso que temos estes sentidos (dons).

Quando eu tinha uns 8 anos de idade estudei numa escola que tinha uma parte que era dedicada para crianças com deficiência auditiva (Escola de 1º Grau "Gomes Cardim" em Vitória, Espírito Santo/Brasil), foi aí que conheci minha amiguinha Dalva durante o caminho para escola. Sempre nos encontrávamos numa ladeira que tínhamos que subir, ela acompanhada sempre de seu pai ou sua mãe e eu de alguma vizinha ou irmão (ã). 

Como ela era da minha idade, eu sempre puxava assunto, até que descobri que ela era surda, mas mesmo assim eu insistia, conversava com palavras, gestos, mostrando coisas, do jeito espontâneo que criança é. Ao chegarmos na escola eu ia pra minha sala e ela para a área de outras crianças que não ouviam.

E assim se passou o ano inteiro com nossos diálogos subindo a ladeira acima. Até que teve um dia que os pais da Dalva me perguntaram se eu poderia acompanha-la no trajeto da ladeira até a escola, eu disse que sim, afinal já a considerava minha amiga. E assim seguiu, eu encontrava a Dalva e um de seus pais no "pé" da ladeira e seguíamos o restante somente eu e ela, enquanto eles nos observavam ladeira acima. E acreditem, eu e a Dalva conversávamos o tempo inteiro durante a nossa caminhada, e por incrível que pareça eu não sabia fazer direito a linguagem dos sinais.

Até que teve um dia que o seu pai me relatou que após irmos juntas para a escola a Dalva havia melhorado a sua leitura labial, a forma de se expressar. E até onde fiquei sabendo a Dalva se casou e teve um filho :-) De uma certa forma do mesmo jeito que a ela me influenciou a ouvir melhor, talvez eu a tenha influenciado a falar melhor.


Na época eu não tinha consciência, mas hoje tenho clareza que a Dalva foi o meu melhor curso de Comunicação que pudia ter.

Mas nem tudo são flores, quando eu descobri que queria trabalhar com Gestão percebi que precisava melhorar a minha comunicação para um público diversificado, com interesses diferentes, então me inscrevi num trabalho voluntário na época da faculdade e depois de algum tempo me deram um projeto pra coordenar, simplesmente eu não conseguia nivelar e sincronizar o que eu pensava para toda a equipe, e adivinhem o que aconteceu: a equipe começou a brigar, as informações estavam "truncadas", o clima ficou pesado para trabalhar, hoje sei que estávamos infelizes. Apesar de tudo o projeto fluiu, mas eu sabia que poderia ter sido muito melhor se a comunicação tivesse ocorrido de uma forma mais ampla. Nunca me esqueci disso.

Como sei que na vida sempre há formas de melhorar, eu sentia que para eu seguir meu propósito (na época eu ainda não tinha total clareza de qual era minha missão) eu precisaria me comunicar com públicos diferentes e de forma transparente, afinal era o que eu admirava quando alguém conseguia se comunicar com qualidade.

Foi quando a auto análise foi fundamental em minha vida, eu comecei a me observar quando e porque eu ficava nervosa ao expor uma ideia, comecei a ler livros sobre o assunto, como também comecei a me expor para falar em público, na adolescência (época de Grupo de Jovens) entrei para uma banda de música na igreja (na tentativa de melhorar a timidez) e fazíamos sempre apresentações em festivais (foi difícil esta fase, mas sabia que era necessário). Comecei a perceber que poderia melhorar mais ainda a minha comunicação através de e-mails, bilhetes, skype, SMS, telefone, WhatsApp, pessoalmente, recado, etc. Percebi que ouvir é fundamental para depois falar. De certa forma a Dalva me ajudou muito a aprender a ouvir, pois eu precisava ouvir o que ela precisava me falar e ela precisava me ouvir mesmo sem audição.

Se puder tente fazer um exercício para saber como é não ouvir; É o seguinte: Ligue a televisão, abaixe totalmente o volume e fique observando as imagens. Depois de um tempo você vai começar a se esforçar pra entender o contexto das imagens.

Será que as pessoas que você convive em seus projetos pessoais e profissionais estão sendo pra você como a TV em silêncio? Se sim, comece a prestar atenção no que elas realmente querem te dizer. Comece por ouvir, anote e sente-se num local reservado e pense numa forma sincera de respondê-la que seja bom para todos. Sempre tem uma resposta que possa ser bom para todos. E se por acaso não conseguir dar uma resposta positiva, explique o porque e tente encontrar alternativas. Sempre há! Mas para isso é importante ouvir e ter um tempo para pensar na resposta. Não somos deuses, para termos respostas de tudo na hora.


Por favor, se tiver um tempo deixe um comentário abaixo sobre o que achou do texto e me diga o que deseja saber mais.

Abraços,
APT

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